Por Gerardo Figueiredo Jr.

Revendo alguns episódios da série norte-americana “Suits”, lembrei-me de algumas recomendações que li a respeito da série, feitas especialmente a advogados e estudantes de direito.

Para quem não conhece, a história gira em torno da relação entre um advogado brilhante e seu aprendiz.

Harvey Specter é o personagem vivido pelo ator Gabriel Match. Extremamente vaidoso, mas brilhante o suficiente para solucionar os mais intrincados casos. Já o ator Patrick J. Adams interpreta o pupilo Mike Ross, um jovem com uma memória privilegiada e uma profunda capacidade de utilizar bem as informações aprendidas.

Paro por aqui para não afastar o interesse de quem ainda não assistiu aos quase cem episódios já lançados.

De fato, por ser um profundo curioso acerca do direito, das leis e dos meandros da advocacia, também quis conhecer um pouco mais sobre esse universo, mas foi praticamente inevitável questionar as recomendações a que me referi anteriormente.

Um jovem estudante brasileiro realmente tem o que aprender com filmes e séries estrangeiras, sobretudo as que se valem de um excesso de estereótipos utilizados incansavelmente pela indústria cinematográfica hollywoodiana?

Afinal, advogados são invariavelmente egocêntricos? São predadores capazes de ultrapassar quaisquer limites para alcançar os próprios objetivos? Oportunistas de plantão, sempre dispostos a sugar o sangue dos clientes desesperados?

Antes de qualquer coisa, um recado aos que se iniciam no direito: a relação entre o nosso sistema jurídico e o deles é equivalente às semelhanças entre o futebol jogado por aqui e o de lá, com as mãos.

Em relação a como são retratados os advogados nas telas americanas, observo que mesmo os “mocinhos” costumam guardar algum traço desse modelo idealizado. De volta ao Brasil e à vida real, há algumas profissões pior avaliadas pela opinião pública do que a advocacia, mas nada que nos cause grande orgulho.

Certamente não serei eu a mudar essa história com esta simples e despretensiosa resenha. A série “Suits”, assim como outras obras de ficção, é um delicioso entretenimento. Mas o que um jovem advogado pode, de fato, aprender com a série? Entre outras coisas, sobre trajes bem cortados.