Regulatório por MB Advogados

São Paulo abrigou na última semana a #Hospitalar2019, um dos maiores eventos de saúde do país.

Realizado no pavilhão do Expo Center Norte, o evento contou com expositores de todas as áreas da saúde, desde as tradicionais vendas de cateteres e aparelhos médicos, até as novas soluções em tecnologia. E é sobre o segundo aspecto que se passa a discorrer.

Há alguns poucos anos, quando se falava em inovações na área hospitalar, pensava-se em modernos equipamentos de diagnóstico e cirurgias menos invasivas, quase sempre de tecnologia americana, alemã ou japonesa.

Desta vez, o que se constatou foi o verdadeiro boom de empresas coreanas e chinesas, apresentando não apenas suas soluções tecnológicas, como também uma releitura de insumos simples do dia a dia, como máscaras e roupas (re) estilizadas.

Pode parecer uma bobagem, mas ainda que os robôs cheios de luzes de led façam sucesso, ainda assim persiste a demanda por jalecos, máscaras e sapatilhas confortáveis. Assim, por que não apresentar aos profissionais tal repertório de forma menos monótona?

Ponderação à parte, outro ponto de destaque do evento foi o impacto das tecnologias abstratas. Em quase toda a esquina dos pavilhões se via, ao menos, um pacote de software e gerenciamento de dados sendo anunciado. E por quê? Na era do big data, quem se propõe a criar de forma simples e segura a análise de algoritmos, personalizando o atendimento ao paciente da forma menos custosa, sai em ampla vantagem.

Dentre os painéis que versavam sobre tecnologia de inovação e o mercado da saúde, destaca-se o Desafio Sebrae Like a Doctor, onde 3 (três) empresas foram premiadas por suas ideias criativas e, oportunidade em que gigantes do setor da saúde, como hospital Albert Einstein e Johnson & Johnson expuseram algumas dicas de ouro ao público ávido por empreendedorismo 4.0. Dentre as valiosas lições, destacam-se a necessidade de alinhamento de expectativas entre empreendedor e empresas alvo, profundo conhecimento do mercado e concorrentes, bem como visão de necessidades da sociedade. Muitas vezes os empreendedores são apaixonados por suas ideias e acabam restringindo o olhar sobre o negócio.

Saber diferenciar a empolgação das ideias e carências da sociedade, que podem ser não só nacionais como estrangeiras, mostra-se como crucial ao sucesso.

Fechando o painel de provocações aos negócios, deixou-se clara a necessidade de revisão dos modelos propostos, de modo a afastar as paixões visionárias e as ideias que apenas traduzem o mais do mesmo – as quais o mercado não quer, nem vai absorver.

Por fim, talvez o tema mais suntuoso, posto que ainda muito abstrato no imaginário de todos, tem-se a questão de proteção de dados.

Estando os países cada vez mais conectados, as legislações acerca da proteção de dados na era do BIG DATA, ainda pouco conhecidas, podem soar como um fantasma aos programadores de sistemas e CEOs de empresas.

Conhecer as nuances e as formas adequadas da manipulação de dados não deve ser interpretada como um custo temido pelas empresas, mas sim, ser vislumbrado como um mecanismo de se conhecer melhor os negócios, protegendo-se os dados dos pacientes e demais envolvidos.

Assim foi a #Hospitalar2019. Diferente e instigadora, certamente propiciará cenário de debates sobre a tecnologia de dados aplicáveis à saúde.

 

Mariana Queiroz Ferreira

Advogada da área regulatória do ZMB Advogados.

 

Matérias Relacionadas

Pular para o conteúdo